Os ventos de outono

Os ventos de outono, Débora Araújo

Ah se os ventos de outono
varressem de mim
esta vontade de ser adulto,
em aviões de todos os céus viajar
e todas as felicidades comprar!

Estaria eu, ainda,
sentado em um lugar qualquer
ouvindo os contos de bem me quer
ou mal me quer,
e viajaria então,
pelos mundos que não tem distinção
entre o que é verdadeiro
e o que é só invenção.

Viajaria pelas caldas de cometas
e também em um belo alazão,
teria flores violetas
e gigantes como irmãos…

Seria eu o poeta e o cantor,
também seria o ouvinte e o ator…
Teria assim fantasias sem fim,
segredando-lhe em um banco de jardim,
que crescer não é para mim…

Porque prefiro ser o pintor
de uma tela cheia de amor
a ter a vida repleta de dor,
de quem cresceu e se esqueceu
de que este é o condutor,
para o menino que deseja ser
um homem de grande valor.