Monteiro Lobato, biografia

Monteiro Lobato (1882-1948) foi um dos mais importantes escritores da literatura infanto-juvenil da América Latina e também do mundo. Produziu durante toda sua carreira literária 26 títulos destinados ao público infantil.
É o pai de personagens inesquecíveis como a Boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia, Dona Benta e toda a turma do Sítio do Picapau Amarelo. Foi o fundador da primeira editora brasileira, a Monteiro Lobato e Cia, tornando-se um personagem importante de nossa história.

O Dia Nacional do Livro Infantil – 18 de Abril – foi criado em 2002,   a partir da lei nº 10.402 e homenageia o nascimento de Monteiro Lobato.

Um pouco de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato (José Renato Monteiro Lobato) nasceu no dia 18 de abril de 1882, em Taubaté, São Paulo. Filho de fazendeiros, José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato. Aprendeu a ler e escrever com a mãe, mas foi com o avô, Visconde de Tremembé, que tomou gosto pela leitura, lendo os livros infantis de sua biblioteca.

Ao completar 13 anos foi estudar em São Paulo, no Instituto de Ciências e Letras, a fim de se preparar para a faculdade de Direito.

Se formou em 1904, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Universidade de São Paulo. Muitos professores, padres e bispos se retiraram da festa de formatura por julgarem seu discurso muito agressivo. Depois de formado, voltou para Taubaté.

Em 1907 mudou-se para Areias (SP), pois assumiu o cargo na Promotoria Pública. Neste ínterim, escrevia para vários jornais e revistas, além de fazer desenhos e caricaturas.

Em 28 de março de 1908, se casou com Maria Pureza da Natividade, com quem teve quatro filhos: Marta (1909), Edgar (1910), Guilherme (1912) e Rute (1916). Em 1911, assumiu a fazenda Buquira (Taubaté), que herdou do seu avô.

Polêmicas

O jornal O Estado de São Paulo, em 12 de novembro de 1912, publicou uma carta de Monteiro Lobato cujo título era “Velha Praga”. Nesta carta, ele, destacou a ignorância do caboclo, criticou as queimadas e ressaltou que a miséria tornava incapaz o desenvolvimento da agricultura na região. Tal publicação gerou muitas polêmicas. Um pouco depois publicou o artigo “Urupês”, onde o personagem “Jeca Tatu” apareceu pela primeira vez.

“Jeca Tatu” foi personagem do livro “Urupês”, é o retrato do homem e do contexto do interior sob a perspectiva de Monteiro Lobato. Em 1918, Rui Barbosa utilizou o personagem em sua campanha presidencial. Na quarta edição do livro, Lobato se desculpou com os homens do interior.

Em 1917, fundou a revista “Paraíba” em Caçapava. Foram 12 números publicados que contaram com a colaboração de Coelho Neto, Olavo Bilac, Cassiano Ricardo, e outras figuras importantes da literatura. Tempo depois, retornou para São Paulo, a fim de colaborar com a “Revista do Brasil”.

Nova polêmica no jornal O Estado de São Paulo: em 20 de dezembro de 1917, publicou o artigo “Paranoia ou Mistificação?”. Neste artigo Monteiro Lobato fez duras criticas a exposição de Anita Malfatti, pintora paulista recém chegada da Europa. O artigo apresenta um posicionamento anti-modernista e em prol das artes de cunho classiscista. Por tais posicionamentos e colocações, o texto hoje, é considerado um exemplo da crítica conservadora. A polêmica teve grandes proporções e se transformou no estopim do Movimento Modernista.

Editora Monteiro Lobato

Em 1918 Monteiro Lobato comprou a Revista do Brasil, transformado-a em espaço de divulgação de suas obras e de outros autores. Neste mesmo ano, publicou seu primeiro livro “Urupês”, que esgotou em sucessivas tiragens. A revista passou a ser um centro de cultura e a editora uma rede de distribuição com mais de mil representantes.

Em parceria com Octalles Marcondes Ferreira, Monteiro Lobato fundou a “Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato”. Devido ao racionamento de energia, a editora faliu. Venderam tudo e fundaram a “Companhia Editora Nacional”. Logo, Lobato se mudou para o Rio de Janeiro e deu inicio à publicação de livros para crianças.

Literatura Infantil

Em 1921 publicou “Narizinho Arrebitado”, um livro de leitura para as escolas. Devido ao grande sucesso da obra, Monteiro Lobato prolongou as aventuras de Narizinho para outros livros que giravam em torno do “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Em 1927 foi nomeado por Washington Luís, adido comercial nos Estados Unidos, onde ficou té 1931.

Lobato se destacou no gênero “conto”. O universo retratado, em geral são os vilarejos decadentes e as populações do Vale do Paraíba, quando da crise do plantio do café. Em seu livro “Urupês”, que foi sua estreia na literatura, Lobato criou a figura do “Jeca Tatu”, símbolo do caipira brasileiro. As histórias do “Sítio do Pica-pau Amarelo”, e seus habitantes, Emília, Dona Benta, Pedrinho, Tia Anastácia, Narizinho, Rabicó e tantos outros, misturam a realidade e a fantasia usando uma linguagem coloquial e acessível.

O livro “Caçadas de Pedrinho”, publicado em 1933, que faz parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola, do Ministério da Educação, foi questionado pelo movimento negro, por conter “elementos racistas”. O livro relata a caçada a uma onça que está rondando o sítio. “É guerra e das boas, não vai escapar ninguém, nem tia Anastácia, que tem cara preta”.

No dia no dia 5 de julho de 1948, Monteiro Lobato faleceu por problemas cardíacos em São Paulo.

Livros:

  • Ideias de Jeca Tatu, conto (1918)
  • Urupês, conto (1918)
  • Cidades Mortas, conto (1920)
  • Negrinha, conto (1920)
  • O Saci, literatura infantil (1921)
  • Fábulas de Narizinho, literatura infantil (1921)
  • Narizinho Arrebitado, literatura infantil (1921)
  • O Marquês de Rabicó, literatura infantil (1922)
  • O Macaco que se fez Homem, romance (1923)
  • Mundo da Lua, romance (1923)
  • Caçadas de Hans Staden, literatura infantil (1927)
  • Peter Pan, literatura infantil (1930)
  • Reinações de Narizinho, literatura infantil (1931)
  • Viagem ao Céu, literatura infantil (1931)
  • Caçadas de Pedrinho (1933)
  • Emília no País da Gramática, literatura infantil (1934)
  • História das Invenções, literatura infantil (1935)
  • Memórias da Emília, literatura infantil (1936)
  • Histórias de Tia Nastácia, literatura infantil (1937)
  • Serões de Dona Benta, literatura infantil (1937)
  • O Pica-pau Amarelo, literatura infantil (1939)

Contos

  • O Cavalo e o Burro
  • A Coruja e a Águia
  • O Lobo e o Cordeiro
  • O Corvo e o Pavão
  • A Formiga Má
  • A Garça Velha
  • As Duas Cachorras
  • O Jaboti e a Peúva
  • O Macaco e o Coelho
  • O Rabo do Macaco
  • Os Dois Burrinhos
  • Os Dois Ladrões
  • A caçada da Onça

Fontes:

https://brasilescola.uol.com.br/biografia/jose-bento-monteiro-lobato.htm
https://www.infoescola.com/literatura/monteiro-lobato/
https://www.ebiografia.com/monteiro_lobato/